28/04/10

A INSURGÊNCIA É IRREDUTÍVEL

É impossível impôr-se à insurgência. Antes do advenimento do Estado politicamente correcto, os Estados eram quem de suprimir a insurgência; a Guerra dos Boer é um bom exemplo. As vitórias, amiúde, eram só temporais, mas ninguém sonhava com uma paz eterna. A supressão implementa-se através de três linhas: extermínio, assimilação cultural forçosa, ou uma luta permanente de baixa intensidade com tréguas esporádicas e eventuais fracassos. Os procedimentos de extermínio físicos e culturais são semelhantes, na medida em que a raíz da insurrecção deixa de existir para sempre. Esse é o motivo de que, com toda sensatez, os antigos estrategas recomendassem só o assassinato dos inimigos varões. Com isso era suficiente –as mulheres viam-se, assim, obrigadas a desposar fora do seu círculo e a identidade nacional perdia-se em apenas uma geração. Os impérios modernos optam, sem embargo, por extermínios culturais não cruentos e pela guerra ideológica. Os países que carecem duma ideologia atractiva para o sujeito colonial, são obrigados a desprender-se de ela.

Combater contra uma insurrecção, como se passa em Palestina, Irak ou Afeganistão, é possível na medida em que não se procure uma impossível solução de compromiso. Os sentimentos nacionais e religiosos seguiriam então emanando. Os passos a seguir são bem conhecidos. Para os principiantes: esquecede os direitos humanos. Só se concedem direitos aos bons vizinhos e aos aliados; o inimigo não tem direitos. Mas, não deveríamos tratar aos prisioneiros de guerra ou às mulheres com compassião? Só se deixam de ser uma ameaça efectiva; os direitos humanos são admisíveis para as populações submissas. A insurrecção depende criticamente do apoio popular no recrutamento de novos voluntários. Os insurgentes podem auto-financiar-se através de donativos estrangeiros ou o roubo, podem fazer contrabando através das fronteiras, e podem ocultar-se em profundos boscos, mas não o podem fazer se não existem voluntários. Quanto mais custoso seja rematar com o fluxo de voluntários, mais perseverância será precisa para sofocar as guerrilhas nas linhas menos críticas de abastecimento.

Para enfrontar-se a uma insurrecção local, o primeiro passo é arrasar a sua semente. Dispersar aos seus partidários, ou se sodes muito delicados, interná-los em campos de concentração. Viet-Nam e Jordânia têm demonstrado que os campos são apenas uma solução a curto praço: agás que sejam gestionados com punho de ferro, convertem-se num criadeiro de novos insurgentes. Separar a homens de mulheres produz uns resultados ligeiramente mais satisfactórios –mas também não é uma política sustentável. O qual nos leva a ter que aplicar medidas mais contundentes contra os civis hostis, especialmente os varões, do tipo das adoptadas por Saddam na campanha de Anfal. Noutras palavras, o terror e a execução indiscriminadas. O bombardeo contra os manifestanes é, de longe, a mais moderada atrozidade ante tamanhe cenário.

A perseverância é a clave; os Estados impõem-se aos insurgentes porque os Estados contam com muitos mais recursos. Os insurgentes empregam tácticas de guerra asimétricas, envolvendo a toda a população inimiga numa guerra convencional. A perda da iniciativa ofensiva sempre augura uma guerra de tipo asimétrico. Deixar que as guerrilhas actuem é, paradoxalmente, o melhor antídoto contra o terrorismo

A insurgência não pode conhecer trégua. Fechem-se as escolas, assassine-se aos propagandistas, invoque-se a lei marcial, dispare-se em caso de suspeita, destrua-se a sua economia, e não se lhes deixe esperança alguma de negociar. Isso servirá –embora só temporalmente, e com grandes custes acrescentados em termos de reputação internacional e dinheiro.

A única solução permanente é o extermínio, físico ou ideológico.



OBADIAH SHOHER

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