21/04/10

A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA AÍNDA NÃO REMATOU


Alguns membros do Gabinete estám na boca de todos constantemente –bem porque ostentam Ministérios significativos (Gideon Sa’ar em Educação), ou porque eles próprios promovem estar na onda (o Ministro de Indústria, Comércio e Trabalho, Binyamin Ben-Eliezer).

Outros, com não menor capazidade de influência, raramente estám no olho do furacão. O Ministro de Assuntos Estratégicos Moshe Ya’alon encabeça esse clube.

O labor de Ya’alon, tal e como ele próprio o descreve, consiste essencialmente em preparar as agendas de debate para as reuniões do Governo, especialmente nos vitais temas de índole diplomática e de seguridade. Labor que não o leva a estar, precisamente, demassiado diante das câmaras de TV; não soe haver cirimônias de curtar uma fita quando se apresenta um novo paquet de medidas políticas sobre Iran.
 
A voz de Ya’alon também não soe ser escuitada com freqüência na rádio. Sem dúvida, dos três Ministros que formam parte do “Septeto” do Primeiro Ministro Binyamin Netanyahu cujos labores não estám demassiado bem delimitados –Ya’alon, o Ministro de Agências de Inteligência Dan Meridor, e o Ministro sem Carteira Bennie Begin-, Ya’alon é provavelmente o Ministro do que menos se escuita falar.

O que não significa que não tenha um peso específico nem nada que dizer. Ya’alon tem muita influência, dada a sua posição no Septeto de Netanyahu, o reduzido foro onde as decisões supremas sobre os principais temas políticos são tomadas. Deste modo, como demonstra a seguinte entrevista, Ya’alon tem muito que dizer.

Antigo kibbutznik, alto mando da Inteligência Militar, membro do Comando Central Operativo, e chefe do Estado Maior, Ya’alon fala sobre as actuais perspectivas no relativo aos palestinianos, a Iran e à Administração dos EEUU desde a experiência.

Como cabeça da Inteligência Militar durante os primeiros dias de Oslo, Ya’alon seguiu o processo diplomático com os palestinianos desde primeira fila. E depois, como membro do Comando Central Operativo e Chefe do Estado Maior, esteve intimamente implicado no aplacamento do que ele considera o resultado do processo de Oslo: a Segunda Intifada.

Esse periplo levou à transformação de Ya’alon de ser um advogado da “paz por territórios” a converter-se num dos mais irreductíveis “falcões” do Likud. Na véspera do 62º Aniversário de Israel, o homem que alguma vez tem sido promovido como o possível sucessor de Netanyahu, afirma que Israel índa está livrando a sua Guerra de Independência contra um inimigo juramentado –não no regresso às linhas de 1967- senão com a própria existência do país como interesse fundamental. Se pelo menos, lamenta-se, os EEUU fossem conscentes de isto…

O que segue é a entrevista celebrada com Ya’alon no seu despcho de Jerusalém a semana passada.


JP: Não resulta claro que é o que os EEUU agardam de Israel. Quais são os seus requerimentos?

MY: Os EEUU são os aliados de Israel. A nossa é uma aliança profunda, estratégica, baseada em valores e interesses comuns. Mas entre os amigos dam-se desacordos que, às vezes, fazem-se públicos. Duma banda, há desacordos; doutra, um diálogo permanente.

Temos enfoques distintos derivados dum ponto de vista divergente dos desafios aos que nos enfrontamos. Cada uma das partes os contempla duma forma algo diferente.

Ouvimos que há quem na Administração dos EEUU acredita que a orige da inestablidade no Meio Leste  é o conflito israeli-palestiniano, e que, portanto, é fundamental ocupar-se de isso em rimeiro lugar, e levá-lo a uma conclusão tão rápido como seja possível. Há quem pensa que isso se pode solucionar em um par de anos, mais ou menos, baseando-se nos parámetros de Clinton.

A maioria dos que estamos no Governo temos seguido de perto o processo diplomático durante os últimos 17 anos. Temos uma visão distinta dos retos que se apresentam ante nós, e quais devem ser as prioridades no Meio Leste.

Nós não acreditamos que o conflito israeli-palestiniano seja a clave do assunto. Atrevo-me a dizer que se Israel, D’us não o queira, deixasse de existir, os EEUU e Occidente veriam-se abocados a enfrontar-se com uma oleada de yihadismo islâmico. Esse é o problema principal.

Quando temos reduzido este conflito a uma questão territorial, chame-se Líbano ou Gaza, temos que as nossas retiradas só serviram para afortalecer o yihadismo islâmico. Esse é apenas um exemplo nas divergências de perspectiva que mantemos com os EEUU.

Uma segunda diferença, obviamente, tem a ver com Iran. Nós contemplamos o tema iraniano como o mais importante.

Se devemos procurar o centro da inestabilidade, este não está no conflito israeli-palestiniano, senão no Governo de Iran. Ele é quem alimenta a oleada de yihadismo islâmico.


JP: Os EEUU não interpretam que a negativa do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a aceitar a generosa oferta de Ehud Olmert em 2008 foi uma falha de vontade pela banda palestiniana de alcançar um acordo?

MY: Aparentemente não. Desde os começos do Sionismo não tem existido uma dirigência palestiniana disposta a reconhecer o direito de Israel a existir como fogar nacional do Povo Judeu. Esta é a orige do problema, e não o que se denominam “os territórios ocupados desde 1967”. A oposição ao Sionismo já começara muito antes de que libertássemos Judea, Samaria e Gaza; antes inclusso de que nos estabelecéssemos como Estado.

A fim de poder estabelecer um pronóstico adequado, necessita-se um diagnóstico adequado. Nós debatimos –e não apenas com eles, senão com a esquerda israeli- sobre qual é a razão do problema. Parte da questão, que influi na postura dos EEUU e de Europa, é a nossa própria confussão interna.

Eu também cheguei a acreditar que a solução era territórios a câmbio de paz, até que formei parte da cúpula da inteligência militar, observei as coisasmais de perto, e o meu modo de pensar experimentou uma evolução.


JP: Mas como conjugar sermos judeus e democráticos? Existe uma maioria que acredita que neste ponto temos que marcar uma separação.

MY: Em primeiro lugar, nós figemos uma “desconexão” política em Judea e Samaria, e física em Gaza. A política do Governo Netanyahu consiste em que não queremos dirigir os seus destinos. Mas que não queramos dirigi-los não implica que tenhamos que retirar-nos às fronteiras de 1967 –que são umas fronteiras indefendíveis; ou que tenhamos que dividir Jerusalém para dar acomodo nesta cidade aos francotiradores de Hamas.


JP: O Primeiro Ministro manifestou que ele está preparado para os dois Estados. E você?

MY: O que ele dixo é que não queremos dirigir os seus destinos. E, como afirmou na Universidade de Bar-Ilan, se ao final do dia desejam reconhecer o direito a um fogar nacional dos judeus, que os refugiados nunca regressarão a Israel, que a sua entidde política debe ser desmilitarizada, e oferecem garantias internacionais em tal sentido, e que o acordo significaria o remate do conflito, daquela você pode denominá-lo como queira: Estado, ou inclusso Império.

Estamos ansiosos de avançar em Judea e Samaria com o Governo de Abu Mazen e Salam Fayyad. Mas com tal motivo não temos por que repegar-nos às fronteiras de 1967 ou dividir Jerusalém. Não temos por que colocar-nos numa situação de perigo novamente.

Existe uma negativa geral –incluíndo a Fayyad- a reconhecer o vínculo entre o Povo Judeu e a Terra de Israel. Ele dou uma charla numa conferência interconfissional em New York dois anos atrás sobre a santidade de Jerusalém, e nela falou de como Jerusalém era sagrada para a Cristandade e o Islám. Como é possível negar o vínculo entre o Povo Judeu e Jerusalém? Como?

JP: Tem observado você algum câmbio nessa actitude recentemente?

MY: Não, não há câmbio algum. Existe um câmbio táctico. Têm-se decatado que o terrorismo não leva a nenhuma parte –especialmente depois do 11-S. É preferível caracterizar isto como oposição à ocupação, algo mais convincente no mundo postcolonial, porque aqueles que desconhecem os detalhes do que se passa aqui acreditam que somos uns colonialistas, e negam que este fosse o nosso fogar 3.000 anos atrás.

Aqueles que querem continuar com o processo de Oslo, os que querem que sigamos entregando, entregando e entregando, sem um compromiso por parte dos palestinianos a reconhecer o nosso direito a um fogar nacional, estám cooperando com o projecto planificado de destruir a Israel.

Antes de Annapolis, não há pois demassiado tempo, Abu Mazen –a cabeça visível desse Governo considerado moderado- recebeu uma proposta de Olmert para que ao final dessa Conferência assinassem uma Declaração que proclamasse os “dois Estados para dois Povos”. Abu Mazen não quixo.

Saeb Erekat foi perguntado por essa negativa em “Al Jazeera”, e a sua resposta foi: o Povo Judeu não existe; o Judaísmo é uma religião; por que uma religião haveria de ter um Estado?


JP: Os críticos com Israel afirmam que expandir os assentamentos favorece aos extremistas palestinianos e arruina qualquer esforço de que os palestinianos reconheçam o nosso direito a estar aqui.

MY: O Primeiro Ministro dixo antes das eleições que pretendia asumir os compromisos do anterior Governo, entre eles o acordo entre Bush e Sharon de que nenhum novo assentamento seria construído em Judea e Samaria, e que a construcção nos assentamentos seria autorizada para fazilitar o desenvolvimento duma vida normal, não exactamente o crescimento natural. Essa foi a interpretação, e a construcção continuou durante os Governos de Olmert e Sharon.

Aínda mais, Netanyahu dixo que manteríamos o nosso compromiso de desmantelar 23 postos avançados que foram qualificados pelo Governo de Sharon como ilegais. Ele aceitou tudo isso, até que ficou claro que a Administração dos EEUU não quer saber nada dos compromisos da sua Administração anterior.

Em segundo lugar, rechaçamos frontalmente o argumento de que os assentamentos são a razão de que no haja paz. Acredito que Arafat estava ansioso de acudira Oslo devido aos assentamentos. Quando contemplara a massiva aliya dos russos aos assentamentos, pensara que o ía perder tudo.

Mas se estamos falando de coexistência e paz, por que essa insistência em que o território que recebam deverá ser limpado etnicamente de judeus? Por que essas áreas têm que ser Judenrein? Acaso não vivem árabes aqui, no Negev e na Galilea? Por que isso não forma parte do nosso debate público? Por que isso não clama aos céus?


JP: Realmente quer você que haja judeus vivendo sob a autoridade dos palestinianos? Isso é realista?

MY: Em primeiro lugar, estamos muito longe disso. Não mo plantejo. Eu refiro-me a que haja judeus que vivam em Judea e Samaria baixo soberania e cidadania israeli. Por que haveria de ser impossível essa solução se estivermos verdadeiramente dispostos a alcançar a paz e a coexistência?


JP: Acredita você seriamente que se permitiria aos judeus viver ali sob soberania israeli numa futura entidade palestiniana?

MY: Em Judea e Samaria, se estamos falando de paz, existe sítio mais que suficiente para judeus e árabes. Se estamos falando de guerra, é mais complicado. Quanto espaço aberto temos em Judea e Samaria? Não pouco. Que percentagemd esse território controlam os judeus? O 5%. Vai depender tudo de isso?


JP: Desde o seu ponto de vista, não haverá necessidade num futuro de evacuar nenhum assentamento?

MY: Nenhum. Nem sequer quero ouvir falar de retiradas territoriais numa época na que a retirada do Líbano fortaleceu a Hezbolá, e a retirada de Gaza fortaleceu a Hamas até o ponto de termos aí ao lado a segunda República Islâmica do Meio Leste –a primeira em Iran, e a segunda em Gaza: Hamastan. Isso opõe-se aos nossos interesses estratégicos, e aos interesses estratégicos de Occidente.


JP: Assim as coisas, achamo-nos completamente isolados, e os palestinianos não têm mais que sentar-se a esperar que os EEUU movam ficha e nos imponham algo.

MY: Primeiro, não estamos completamente isolados. A questão neste momento é se existe um sócio disposto a reconhecer o nosso direito a um fogar nacional aqui. Essa é a clave. Aí é onde cumpre situar a discussão; não na construcção nos assentamentos ou em Jerusalém Leste.


JP: Mas isso não está acontecendo.

MY: Dacordo, mas nós como Governo temos que pôr tudo da nossa parte para lograr que esse seja o tema de debate com o EEUU e com os europeus. Para os estadounidenses pode que isto seja um assunto mais entre outros muitos dos que existem no mundo. Para nós, é uma questão existencial. Temos que enfrontar-nos a isto e sermos insistentes neste ponto.

Tratamos de evitar um conflito com a Administração dos EEUU. A moratória dos assentamentos foi uma aposta unilateral sem renunciar –pois não se trata dum congelamento indefinido- mas também para evitar um conflito. Mas agora estamos observando que não serviu de muito.

Mas também existe uma questão de falha de confiança entre nós e os EEUU. Ouvimos dizer à Secretári de Estado, tras a nossa declaração da moratória, que era um passo sem precedentes, e que a pelota passava a estar no campo dos palestinianos.

Que passos têm dado desde então os palestinianos para avançar na negociação? Que têm feito? Durante todo um ano não têm feito nada por avançar no processo e, de súpeto, a pelota está de volta no nosso campo com a excusa de 1.600 apartamentos que seguiam o seu curso burocrático em Jerusalém?


JP: Isso não reflicte uma profunda distância com a Administração dos EEUU?

MY: Não pretendo ocultar as distâncias conceituais, existem diferenças.


JP: E a direcção da Administração norteamericana não é a de nos impôr algo a nós?

MY: Se alguém acredita que nos pode impôr a paz dessa maneira, é que estám totalmente desvinculados da realidade. Espero que isso não suceda. Esta é uma questão existencial na que temos que insistir. Necessitamos falar, continuar com o diálogo, mas existem diferenças significativas em como vemos as coisas.


JP: Que se passará se Obama se ergue em Setembro e diz: este é o nosso plano? Como têm vocês pensado reagir?

MY: Têm existido muitos planos no passado, muitas propostas, e nenhuma de elas chegou ser implementada. Espero que não cheguemos a isso.

Se o mundo árabe percibe que os EEUU volvem a espalda a Israel, daquela a provabilidade dum estourido de violência será maior. Portanto, necessitamos seguir falando, compartir os nossos pontos de vista, e evitar o tipo de situações sobre os que temos estado lendo nos jornais nestes últimos dias.


JP: Fala você da possibilidade dum renovado estourido de violência. Contamos com a suficiente coesão interna, quando há gente dizendo que a política do Governo nos assentamentos conduzem a problemas com os EEUU e, talvez, à guerra?

MY: O questionamento interno é sem dúvida um reto. Quando a gente me pregunta qual é o maior reto a nível interno, sempre respondo com a mesma palavra: a confusão. Temos comprovado que quando existe unidade interna e consenso, não se dá a pressão exterior. Vimo-lo tras o discurso de Bar-Ilan. No tema dos assentamentos não há consenso e, portanto, não é uma coincidência que os EEUU se tenham aproveitado dessa questão.


JP: Sobre Jerusalém existe consenso, mas assim e tudo os norteamericanos estám exercendo pressão.

MY: Escuitam-se distintas vozes dentro do Partido Laborista e isso causa-nos um grave dano.

Muitos dos nosos desacordos internos rematam com us botando-se a culpa aos outros. Muitos dizem que Oslo fracassou pela nossa culpa, porque não entregámos o suficiente…Este é um fenômeno occidental, especialmente judeu. E é perigoso.


JP: A maioria da gente no país não acredita que Oslo fracassasse pela nossa culpa. Mas há muitos que acreditam que não deter os assentametos é complicar mais a nossa situação.

MY: Esse é a função do liderádego, e o labor da educação. Necessitamos explicar os retos aos que nos enfrontamos, contra o que nos situamos, e aquilo pelo que queremos lutar e conseguir.

Esta é uma luta existencial –a Guerra de Independência não tem rematado. Desde uma perspectiva histórica, todas as guerras nas que combatímos, desde 1948, e aínda antes do estabelecimento do Estado, até agora, são parte da Guerra de Independência pela existência dum fogar nacional para o Povo Judeu tras 2.000 anos de exílio.

Não podemos ceder em Jerusalém. Que é Jerusalém? É Sion. Por que veu aqui a mnha mãe tras o Holocausto, por que os meus avós vinheram aqui em 1925? Vinheram a Sion. Pela banda da minha dona, os seus avós abandoaram Marrocos e vinheram aqui em 1897 tras caminhar durante mais de doi anos. Outros antepassados de meu vinheram no século XVII. Por que aqui?


JP: Mas há quem diz que Sion não é necessariamente Isawiya ou Abu Dis.

MY: Ninguém é quem de dar-me lições de compromisos territoriais, porque eu era um abandeirado até Oslo.

Crescim num entorno preparado para as concessões territoriais. Estava listo para o compromiso territorial que estabeleciam as linhas de Oslo. Mas depois ficou claro que não tinhamos um sócio, inclusso entre aqueles considerados moderados.


JP: Mas como vai propiciar uma situação que os ajude a cambiar de enfoque e que reconheçam o direito dos judeus a estar aquí? Acrescentar os assentamentos não ajudará a que cambiem de enfoque.

MY: Por que lhes haveria de molestar que se construa mais dentro de Gush Etzion ou em Ariel? Nenhum novo assentamento está sendo desenvolvido, nenhum outro território está sendo ocupado. Qual é o problema? Não tinham essa preocupação nos dias de Olmert ou Sharon. Por que agora de súpeto?

Não estamos expandindo o território, ou construíndo novos assentamentos. Mas eludem essa realidade. E eu sei o por que.
Porque é mjuito cômodo para Abu Mazen seguir assim indefinidamente sem alcançar uma solução. Porque seele quigesse alcançar uma solução já o poderia ter feito com Olmert. Mas quando Jackson Diehl lhe perguntou no “The Washington Post” pela oferta de Olmert, manifestou que as diferenças eram insalváveis. Não perdamos a perspectiva do que estamos a falar.


JP: Pode que seja porque prefire uma solução imposta?

MY: Bem, mas isso é contra o que nós temos que combater, politicamente –em termos de hasbará [diplomacia]- tanto em casa como de portas a fóra.


JP: Pois não estamos tendo éxito.

MY: Mas que não tenhas éxito não implica que tires a toalha. Cumpre não nos render. Acredito que se cedemos neste ponto entraremos numa esbaradiza pendente. O islamismo yihadista fortalece-se com as nossas retiradas. Isso é o que se passou com Hezbolá e Hamas. E também não será de ajuda para os soldados estadounidenses em Afeganistão e Irak.


JP: Está muito preocupado pelo argumento que se vem escuitando cada vez mais nos EEUU de que estamos pondo em perigo as vidas dos soldados estadounidenses?

MY: Isso é antetudo e essencialmente uma manipulação, para além duma mentira. A verdade é precisamente tudo o contrário. Se nos vem resistir firme contra o yihadismo, contra Hamas e Hezbolá, isso beneficia os interesses dos EEUU. Se nos vem débeis, seja em Líbano, Gaza ou em Judea e Samaria ,isso perjudica os interesses dos EEUU.

Temos claro que a autêntica ameaça hoje em dia, e o que deve constituir a mais alta prioridade para todo o mundo, não é o assunto palestiniano-israeli, senão o de Iran. Inclusso antes de que Iran poida ter capazidade nuclear, tem alimentado o terrorismo, tem-lhe dado apoio e sustento. Outro tanto está a fazer no pátio traseio dos EEUU, em Sul América. O vínculo entre o chavismo e o yihadismo avança devagar, mas já se tem extendido a cinco países.

Quando falamos da ameaça nuclear iraniana, o que é evidente é que necessitamos firmeza em Occidente. Não se trata de Israel contra Iran, como desafortunadamente vejo nos titulares da CNN. É os EEUU, a civilização occidental contra Iran.

Acreditamos que o Governo iraniano deveria ter afrontado há tempo o seguinte dilema: a bomba ou a vossa supervivência. Esse é o dilema, e deveríades plantejar-vo-lo antes de desenvolver a opção militar. Mas isso tem que ir sustentado na determinação de Occidente, na unidade de Occidente, no isolamento diplomático, nas sanções económicas e, de fundo, numa opção militar acreditável.


JP: Quais são actualmente os dirigentes mais decididos no que respeita a Iran?

MY: Pensamos que França actualmente está na política correcta, e a Grande Bretanha. São concentes da imensidade do desafio.


JP: E Obama?

MY: Tem sucedido algo que nunca víramos no passado. Antes os EEUU encabeçavam a linha agressiva. Hoje, como dixem o Presidente de França e o Primeiro Ministro da Grande Bretanha têm uma linha mais agressiva que o Presidente dos EEUU. E depois temos a lmanha e Itália, que estám alinhados com a posição dos EEUU.

Não acredito que nenhuma potença mundial queira ver um Iran nuclearizado.


JP: Daquela por que não fazem mais?

MY: Existem interesses muito complexos. No caso de Rússia e China tem a ver em parte com a sua política nacional face os EEUU; o jogo das superpotenças.

Em parte tem a ver com uma interpretação não escrita, com o modus vivendi, que penso que se dá entre Rússia e Iran: “Nós ajudamos-vos neste tema, e ós não nos causades problemas nas repúblicas islâmicas” -algo que semelha que agora sim que estám fazendo os iranianos. Olhemos a Kirguizstan, e também não me surprenderia que o renovado terrorismo em Chechênia tenha algo a ver.

No caso dos chineses existe uma consideração de índole energética, pois dependem do subministro petrolífero. E neste tema temos boas novas. A começos deste ano, segundo as estatísticas, a demanda de petróleo em China procedente de Iran caiu um 40%. Arábia Saudi e os países do Golfo Pérsico estám proporcionando alternativas a China.


JP: Você não acredita que uma nova rolda de sanções económicas da ONU vaiam lograr que Iran detenha o seu programa nulear. Que o poderia lograr?

MY: Antetudo, agardo que este não seja o passo prévio a colocar ao Governo iraniano ante  dilema de bomba ou supervivência. Agardo que o mundo livre siga emprendendo este tipo de passos face Iran. E, como dixem, uma opção militar acreditável sempre tem que figurar na recâmara…Aqueles que pretendem evitar o uso dessa opção devem esforçar-se no isolamento diplomático e nas sanções económicas.

Para além disso, estám tendo lugar acontecimentos dentro de Iran. A economia iraniana está numa situação muito problemática. O Governo já está tendo que afrontar a questão de recurtar subsídios, o que por sim próprio pode dar pê à inestabilidade.

E, depois, está a oposição…É uma oposição desorganizada, mas muito autêntica e enérgica, e à que não lhe gosta o Governo dos ayatolás.

Segundo a nossa interpretação, a maioria dos iranianos não quer um Governo islâmico yihdista. Portanto, desde uma perspectiva histórica, este Governo não sobrvivirá pr sempre. Mas o vínculo entre o armamento não convencional e um regime não convencional é muito perigoso e velenhoso.

Olhemos o Encongtro Nuclear de Washington… Donde procederá o material nuclear que utilize o terrorismo, se não é deste tipo de regimes? Esta é a grande questão –que um regime deste tipo, messiânico/apocalíptico, e que tem como objectivo estratégico a imposição do Islam sobre o planeta- poida utilizar aliados com bombas deste tipo contra os EEUU, Europa e Israel.


JP: Daquela não acredita você que nos vaiam atacar directamente, mas que existe um perigo de que poidam dotar de capazidade nuclear a um actor não-estatal?

MY: Essa é, sem dúvida, a sua primeira opção.


JP: Preocupa-lhe muito que os EEUU sejam tíbios ante a ideia dum Iran nuclear?

MY: Tem que preocupar-nos.


JP: Há gente pensando em como deter a Iran no caso de que consigam a bomba?

MY: Dum modo ou outro, o projecto nuclear iraniano tem que ser abortado. E não nos plantejamos qualquer outra possibilidade.


JP: Deveria ser abortado, mas pode que não o seja, e então daquela que?

MY: Deveria ser abortado.


JP: E se outros não o fazem, teremo-lo que fazer nós?

MY: Sempre digo que não deveríamos liderar o tema de Iran, porque na realidade não é só um desafio para Israel, senão para todo o mundo livre. Portanto temos que agir, preferentemente, como aqueles cujo trabalho tem que ser desenvolvido por outros. Doutra banda, também necessitamos estar preparados para agir dacordo com a máxima: “Se não miro por mim, quem o há fazer?”.


JP: Descreve você uma situação, tanto no que atinge aos palestinianos como aos iranianos, na que pensamos que os EEUU acreditam que sabem melhor que nós quais são os nossos interesses, e na que, porém, estamos tratando de convencer aos EEUU de que é o que lhes convém.

MY: Fixe-se, nós vivemos no Meio Leste. Posso dar testemunha, como alguém familiarizado nas relações com os EEUU durante muitos anos, que houvo muitas vezes nas que sim, nas que tivemos que explicar aos EEUU oque realmente estava sucedendo, e qual era a forma adequada de fazer as coisas Olhe, se não, todos os erros que os EEUU têm cometido nos últimos anos.


JP: Por não nos fazer caso?

MY: Sim, porque não ns escuitaram. Em Irak, ao começo, não quigeram assessoramento. O mesmo que em outras questões, como o tema israeli-palestiniano.

O antigo enviado dos EEUU, Anthony Zinni, veu aquí em 2002 e dixo que o terrorismo era devido aos controlos nas estradas…Nós vivemos aquí e experimentamos em primeira pessoa os problemas. Se não ives aquí, se vs de visita, daquela rematas dizendo: “Oh, o problema são os controlos nas estradas. Eliminemo-los a não haverá mais terrorismo”. Mas antes do 2000, não havia controlos entre Jenin e Hebron, apenas no perímetro…Portanto, ninguém pode vir e dizer-me que o terrorismo é devido aos controlos nas estradas. Os controlos nas estradas estám aí devido ao terrorismo. Se não houver terrorismo, não haveria controlos ns estradas.


JP: A Administração dos EEUU está disposta a escuitar?

MY: Alguns sim; com outros não me vejo capaz.


JP: Agardam os EEUU da nossa parte uma resposta por escrito às suas exigências sobre Jerusalém Leste e as convrsas de aproximação?

MY: As tensões têm remitido…Na minha opinião necessitamos…desprender-nos dos paradigmas de Oslo que têm enraizado durante 17 anos.

Mas gente como Olmert e Sharon fortaleceram a impressão de que éramos capazes de mover as fronteiras unilateralmente. A reacção dos EEUU agora é parcialmente o resultado a política dos anteriores Governos.

Não existe ma só pessoa no Septeto que acredite que é possível alcançar um acordo permanente segundo essa fórmula no futuro próximo. Nem uma só.

A dificuldade vem dada porque, para além do fracaso, seguimos ancorados nesse paradigma, que é o dominante nos mass media, no seitor acadêmico, e na areia internacional. Israel, conforme aos resultados eleitorais, tem sentado a cabeça. Mas esse paradigma aínda segue activado, e é o dominante. Isso explica a pressão exercida sobre o Primeiros Ministros.


JP: Opõe-se você a uma extensão na moratória de construcção de 10 meses nos assentamentos?

MY: O Primeiro Ministro opõe-se. Dixo-o claramente. A decisão foi por 10 meses, e expira o 27 de Setembro. Tras ela voltaremos imediatamente à fórmula de construcção que foi acordada entre Bush e Sharon, em base à qual Sharon aceitara a Folha de Ruta. E Jerusalém está fóra de iscussão.


JP: Te vocêambições políticas mais elevadas?

MY: Gosta-me centrar-me no trabalho diário. Quando era o chefe dum comando, gostava-me ser o melhor chefe de comando. Quando comandei uma companhia, queria ser o melhor comandante de companhia. Quando entrei no Exército não acreditava que remataria sendo Chefe de Estado Maior, nem sequer um oficial. A vida tem-me levado até onde estou. E na actualidade sigo igual. Não fago declarações nem me preocupo por esses temas. Trato de fazer o trabalho que tenho encomendado da melhor forma possível.


JP: Esta conversa tem sido um tanto deprimente. Onde está o rao de luz?

MY: Naturalmente, quando falas de desafios e ameaças, falas sobre a metade do vaso que está vazia. Mas quando observamos tudo o que temos logrado até aquí, inclusso como aínda estamos lutando pela nossa independência, não é nenhuma insignificância.

Seja na esfera económica, ou na da ciência, a tecnologia, a cultura ou o espírito, a copa está cheia. Temos tremendos logros; às vezes semelha miragroso que em 62 anos tenhamos criado tudo isso numa terra onde temos leite e mel, mas não petróleo, oiro, ou nem sequer água, que temos que desalinizar ou reciclar para a agricultura.

E esses logros devem-se a duas coisas: o cerebro e o coração, o conhecimento e o espírito. Isso é o que possuímos. Isso é o que os judeus possuíram durante miles de anos, e isso é o que temos aquí.

Se algo temos que fortalecer neste 62º Yom Ha’atzmaut é o espírito. Que tem sido erosionado, numa época na que as dimensões físicas são tã fortes.

Desgraçadamente, ouvimos manifestações –já desde o Governo anterior- de que o tempo não está do nosso lado. Ouvimo-lo inclusso hoje em dia. A minha resposta é que os pais do Sionismo soiam dizer que o tempo está do lado dos que tomamventagem respeito a ele. Igual que nós tomámos ventagem no passado, também devemos tomar ventagem no futuro, para construir, para crescer, para desenvolver-nos em todas as esferas. Estou convencido de que podemos fazê-lo, orque já fumos quem de fazê-lo no passado. Apenas necessitamos continuar.

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